sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Dj Chus meets Pete tha Zouk - There is a God (Stereo Productions)



Estreio-me neste blogue fazendo uma crítica a um som recentemente editado, apresentado este ano na Winter Music Conference (WMC) que decorre todos os anos em Miami e conta sempre com os melhores dj's e produtores de todo o mundo.

Esta malha foi feita numa parceria entre um conceituado dj internacional (DJ Chus/Espanha) e um dj bem conhecido do panorama nacional (Pete tha Zouk). Sendo ambos dj's de House e também tendo ja produzido e feito remixes deste tipo de música electrónica, se assim o podemos etiquetar, não seria de estranhar que esta nova produção seguisse as linhas de ambos os produtores.

Em relação à música em si, posso dizer que são praticamente 9 minutos de House music, com a mistura de uma batida bastante tribal e bem estruturada, e uma melodia conseguida e bastante hetérea. Uma accapella deep com voz masculina permite-nos aproveitar ao máximo a amplitude da quebra.

A meu ver o único exagero nesta produção deve-se ao abuso excessivo das chamadas "buzinas" que em combinação com a melodia principal em certos momentos se torna cansativa e chegando mesmo a dar a sensação de algum "atabalhuamento" sonoro.

Falando agora do que mais me cativou neste som, dou um especial enfase ao uso de alguns samples que me fazem lembrar o som produzido no fim dos anos 90 e mesmo atingindo o ínicio da viragem do século...dando alguma "profundidade" ao som, remetendo-nos para o deep house e ambiencias de músicas produzidas por Underground Sound of Lisbon ou Rui da Silva.


quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Venetian Snares - Rossz Csillag Alatt Született


Isto é tudo muito simples.

Aaron Funk é a pessoa que faz musica com o nome de Venetian Snares.

Ele foi para Hungria. E depois fez o album.

Este album é tão bom, que até vou mostrar a capa de trás.



segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Nine Inch Nails - Year Zero


Primeira tentativa de criar críticas a álbuns em formato audio (verdadeiro transplante sonoro). Por favor não gozar com a fraca produção e com o monólogo ridículo (o próximo ficará melhor). Deixem comentário, quero saber a vossa opinião sobre este novo formato.



(o loading pode demorar)
01. Hyperpower!
02. The Beginning Of The End
03. Survivalism
04. The Good Soldier
05. Vessel
06. Me, I'm Not
07. Capital G
08. My Violent Heart
09. The Warning
10. God Given
11. Meet Your Master
12. The Greater Good
13. The Great Destroyer
14. Another Version Of The Truth
15. In This Twilight
16. Zero-Sum

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Concertos


Setembro 26 - 8:00pm - Men Eater + Before The Rain @ Music Box


Setembro 29 - 9:00pm - Devil In Me + Men Eater @ Fundição de Oeiras
Outubro 06 - 9:00pm - Devil In Me + TBA @ Music Box


Novembro 03 - 04:00pm - If Lucy Fell + Men Eater + BlackSunRise + For The Glory + One Hundred Steps + AOK @ Colectividade de Vendedores de Jornais em Santos


Novembro 07 - 09:30pm - The Legendary Tiger Man @ Grande Auditório do CCB


Dezembro 15 - 09:00pm - Twenty Inch Burial @ Music Box

ÁLBUM DO MÊS: OTEP - THE ASCENSION


A banda de Otep Shamaya está de volta com o tão aguardado The Ascension (álbum que foi gravado há mais de um ano mas que esteve retido devido a problemas vários da Label Capitol Records). A espera contribuiu para um fenómeno sem precedentes de especulação e de "hype", dizia-se que sería um álbum revolucionário, que iria lavar a cara do Death Metal, que sería uma obra-prima de poesia gótica com arranjos músicais ao estilo Radio Head, que sería experimental, que, em suma, sería algo novo (ideia que entusiasma muito os amantes de Metal pois é um estilo de música que tem sido muito denegrido pelo sucesso inesperado de bandas que o não praticam da melhor forma, passando-se, assim, a ideia de que o Metal é um estilo de música de segunda, para skin-heads e arruaceiros). Todos tivemos oportunidade de ver o clip do primeiro single "Ghostflower" no You Tube e todos ficámos de boca aberta e verdadeiramente excitados por ouvir mais. No myspace recebemos a prenda de verão de mais um single, "Confrontation" e fomos logo fazer contas à mesada. A comunidade de metal uniu-se no "countdown" para a saída desta peça de arte, grandes esperanças foram depositas nela...O álbum chegou finalmente às minhas mãos na semana passada. Quando acabei de o ouvir duas vezes de seguida foi inevitável interrogar-me se o que tinha acabado de ouvir era verdadeiramente revolucionário, se era uma obra-prima de inteligência superior, o messias de um metal renovado, mais cuidado, mais elitista.... a resposta virá em forma de crítica ao álbum, algures este mês. Entretanto ouçam o álbum e julguem por vocês mesmos.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

The Blood Brothers - Discografia

Os blood brothers são uma banda de Seattle (Washington USA) formada em 1997 que pratica um post-hardcore/punk experiemental absolutamente incrivel. O som que praticam é, por vezes, tão frenético que o ouvinte não lhe poderá ficar indiferente. É inevitável o desejo de acompanhar os "berros" de Johnny Whitney com uma dança epiléptica. Tive oportunidade de os ver duas vezes ao vivo este ano (no cine-teatro de corroios em 20 de Fevereiro e no super-bock super-rock em 28 de Junho) e confirmo que toda a energia que se sente nos álbuns é fielmente transferida para o palco. Uma banda a não perder. "


...Burn, Piano Island, Burn - Não é o primeiro álbum da banda (há dois registos anteriores, o This Adultery is Ripe de 2000 e o March on Electric Children de 2002), mas este é o primeiro trabalho de estúdio de "qualidade". É, ainda assim, bastante rude e amador. O som está completamente despido de qualquer florido. O som da bateria está pouco trabalhado, os arranjos de guitarra são pouco inventivos (arriscam pouco) e as vozes dos dois vocalistas (Johnny e Jordan) estão ainda muito presas ao estereotipo "screamo" que caracteriza o estilo de punk em que os blood brothers se inserem. A beleza do álbum é que nenhum destes "minus" são necessariamente maus, antes pelo contrário, o amadorismo de ...Burn, Piano Island, Burn permite uma intimidade entre o ouvinte e a banda sem paralelos.
Músicas imperdíveis: 03- Burn, Piano Island, Burn; 05- Ambulance vs Ambulance; 07- Celcilia and the Silhouette Saloon.



Crimes - Primeiro álbum da "nova era" dos blood brothers. Muitas das influências punk foram atenuadas de forma a deixar a parte electrónica, freak e pop entrar. O resultado é muito satisfatório, o som está agora muito mais excitado, palpita com cores diferentes. Com Crimes os blood brothers conseguiram um som totalmente impervisível, uma injecção de LSD, um arco-íris de experiências sonoras, arranjos de piano entrelaçam riffs frenéticos de guitarra e o baixo marca agora um ritmo bem mais dançável. Grande destaque para a melhorada voz de Johnny que agora sim se diferencia da voz mais grave de Jordan (soa agora a uma voz feminina, uma voz com bastante mais flexibilidade), os seus "berros" são simplesmente deliciosos, o ouvinte sente-os como facadas de adrenalina. É um álbum para ouvir quando nos apetece dançar ao som de algo mais instável, algo que nos faz sentir livres do peso do nosso corpo, algo que nos faz subir o sangue a cara de tanto berrar. Teen Screamo para festas psicadélicas.
Músicas imperdíveis: 02- Tras
h Flavored Trash; 03- Love Rhymes With Hideous Car Wreck; 10- Beautiful Horses.


Young Machetes - Nunca me fartarei deste álbum, a variedade de sons e de emoções é simplesmente indescritível. Desde o primeiro minuto do álbum (com o alucinante Set Fire to The Face of Fire) que nos entregamos a esta obra-prima do post-punk. É extraordinária a criatividade que foi empregue neste registo, cada música é um hit inesquecível (no meu mp3 player as músicas do álbum ocuparam todos os lugares do top 12 durante meses, o que quer dizer que não estava a seleccionar músicas). Desde os sprints alucinogénicos que marcam uma continuação da "nova era" iniciada com o Crimes, às baladas ambiente (bateria é reduzida ao mínimo, a guitarra faz apenas efeitos de pedais, voz lidera o som, baixo mt jazzie), às músicas electrónicas pop (o brilhante Laser Life) e, por fim, as canções de solo de voz (Giant Swan é quase exclusivamente conseguido com os riffs de voz de Johnny que com este álbum obteu o estatuto de divindade). É sem dúvida um álbum que todas as discotecas deveriam passar, é divertido, é instantâneo (parece que nunca temos tempo de descanso, não temos de esperar pelo nosso momento favorito da música, cada segundo é tocado em climax, cada segundo foi feito para dançar como se fosse o último), é colorido (o piano electrónico, a bateria com influências latinas (exemplo no hit de dança Vital Beach), a guitarra foracão que preenche todos os espaços livres da fita audio (brinca com todos os efeitos/pedais por vezes nem a reconhecemos), é pesado, é screamo, é teen, é festivo, é blood brothers no seu melhor. Façam um favor ao vosso aparelho auditivo e comprem (ou façam o dl ilegal) deste álbum, vão se sentir no Hades, no Shangri-Lá musical... vão se sentir verdadeiramente dionísios, em uno com o vosso meio. Um dos meus álbuns favoritos de todos os tempos, tenho dito.
Músicas imperdíveis: 01- Set Fire on The Face of Fire; 03- Laser Life; 06- Vital Beach; 07- Spit Shine Your Black Clouds; 11- Rat Rider; 13- Huge Gold Ak-47; 15- Giant Swan.


sexta-feira, 20 de julho de 2007

Astrobotnia - Astrobotnia





Conhecem Aleksi Perala? Bem, mas mesmo assim podem ficar com os dedos todos. Soa mal? Sim. É uma pessoa? Não sei. Mas também não é muito importante. Desde que não morda, esta bom. Então, perguntam. Pergunta estúpida.
Bom bom, é a musica que surge sobre o nome dele. Esta é a trilogia Astrobotnia. Este segundo transplante é difícil de explicar. O anterior, simplesmente não me apeteceu escrever. Mas este até gostava, porque é necessário ouvir. Mas enfim. Digo que é da editora Rephlex, fundada pelo glorioso Richard D. James (Aphex Twin). E pronto.
Também não vão encontrar em lado nenhum, mas se for necessário façam da busca a vossa vida.

Genero: IDM.

Tracklisting:
PartI
1.Lightworks
2.Hallo
3.Everyone 'destaque'
4.Acidophilus
5.Untitled
6.The Wing Thing 'destaque'
7.Miss June
8.Sweden
9.Applause

Nota final:
7,7

PartII
1.Untitled 'destaque'
2.Untitled 'destaque'
3.Untitled
4.Untitled
5.Untitled
6.Untitled

Nota final:
8,4

PartIII
1.Muminaa
2.B 'destaque'
3.Acidophilus II
4.Portable Motor
5.Drops
6.Thoarse
7.Esther Calling Jennifer
8.Bifidus
9.Leftovers 'destaque'
10.C*nT
11.I Am Mr. P.

Nota final:
7,2

quinta-feira, 19 de julho de 2007

The Legendary Tiger Man - Masquerade

Someone Burned Down This Town - The Legendary Tiger Man é o alter-ego de Paulo Furtado que nasceu em 2001 com um álbum chamado "Naked Blues" que passou despercebido pelo mercado português, mas que serviu de base para o desenvolvimento de toda a mística blues/folk que Tiger Man tem desenvolvido ao longo dos últimos anos. Para os menos atentos, The Legendary Tiger Man é uma "one-man band", no sentido em que Paulo Furtado toca guitarra, canta, toca bombo e toca pratos-choque, desta forma ocupando todos os membros do corpo humano. Someone Burned Down This Town é a música folk que inicia o Masquerade. Uma música que sabe jogar com os silêncios, com os acordes melodiosos, com a voz profunda e "desembelezada" e com as batidas repentinas que nos mantêm curiosos todos os segundos da música. Foi uma grande ideia começar este álbum com uma música mais calma mais "ambience" para não termos que saltar desavisados para o labirinto rock/folk/jazz/blues que se segue. De destacar desde já o trabalho fantástico do produtor Mário Barreiros que conseguiu trazer para o Masquerade o que faltava aos álbuns anteriores de Tiger Man, um som mais próximo e mais limpo, de tal forma que desta vez conseguimos sentir a vibração das suas guitarradas e os sismos das suas batidas. Obrigado Mário Barreiros por transportares o Tiger Man mesmo aqui para o nosso lado. "I'm tired of the Maier, I'm tired of the drunk, just talking and talking" (7.5)

The Whole World's Got The Eyes On You - Cá estamos nós, confortavelmente sentados no génio de Paulo Furtado a fumar o seu ambiente, a sentir os seus blues, os seus acordes rítmicos com um sabor exótico inesperado. Um "never-ending feeling" de sensualidade, de glamour, de rock'n'roll western, dos blues do Delta do Mississippi e dos seus lonely blues-man. Esta viagem musical de 3m e meio faz-nos sentir tudo isto, sentimos o coração a doer de saudade e nostalgia de um passado que não foi o nosso. Simplesmente inacreditável. Reparem no arranjo de guitarra, ouçam os seus acordes agudos, agudíssimos, que nos arranham a glote (o som entre 2:11 e 2:30 leva-nos a soltar um grito de êxtase musical) . Reparem, por favor, na mestria dos pratos choques que fazem vibrar o chão e nos fazem querer dançar de forma gangster/clubbish com um leve movimento de pés, acompanhados por um estalar de dedos ritmado. Reparem na letra lamentosa e suplicante, uma serenata a uma mulher perfeita demais para o homem comum, baby "I hope you don't look at me, and I'll try not to look back, but that sprakle and that fire in your eyes can easily set me off my track". Perfeito. Imperdível. (10)


I Got My Night Off - Hey!, lets rock'n'roll baby. Reservem esta noite para a dançar ao som do rock simplista de "I Got My Night Off". Sabe tão bem poder ouvir um som sincero e coeso que tem como único objectivo "rock our socks off". O riff desta faixa varia entre o som puro e minimalista e o som arranhado e dinâmico, na medida em que os dedos de Tiger Man deslizam pelo braço da guitarra com a distorção ligada a meio volume, fazendo-o soar umas vezes a um baixo jazz e outras vezes a um novíssimo riff de Jack White (White Stripes). Uma das músicas mais acessíveis de Tiger Man, essencial para convencer os amigos do pop a largarem o último hit do Justin Timberlake e virem dançar connosco "I got my night off and I'm gonna wreck this town, just having fun yeah" (8.5)

Say Hey Hey - Entremos no "nightclub" mais próximo, "The Coco Bongo Club" é o seu nome, chegámos mesmo a tempo de assistir à famosa dança de Jim Carrey e Cameron Diaz ao som de "Hey Pachuco!" dos Royal Crown Revue. Estamos no final dos anos 80 e o "swing revival" é o som do momento nos clubes nocturnos de Miami, a actuação que se segue a Royal Crown Revue é......Tiger Man? Será possível? E não se esqueceu de vir acompanhado, Mário Barreiros encarregou-se da percussão (de forma a conseguir o swing beat pretendido) e o companheiro de digressão DJ Nell Assassin encarregou-se dos samples (arranjos de voz que reproduzem fielmente o tom rouco e vibrante da moda) e do scratch (que domina o último minuto da música). Que dizer desta banda improvisada? Fraquinho. Mário Barreiros denota alguma inexperiência na condução da percussão (porque não foi Paulo Furtado buscar o grande João Doce?) e o scratch de Nell Assassin parece, no mínimo, deslocado do swing jazz (New Orleans Jazz do anos 20), dando à música um sabor de remix despropositado. Paulo Furtado está muito bem, os seus riffs "by the history book" não decepcionam. (7.0)

Honey, You're Too Much - Leitor, peço-lhe, não, imploro-lhe que aumente o volume do som. Sente os móveis do quarto a tremer? aumente só mais um bocadinho, isso, agora sim vai poder desfrutar ao máximo deste som poderosíssimo e do seu Acid Jazz e Nu Jazz. Sinta a vibração, sim, é grave como um contra-baixo e pesado como uma percussão. O ambiente que cria é de um som urbano/nocturno, som para acompanhar a preparação (o gel e desodorizante) de uma noite com a mulher fatal que tanto receia mas que tanto deseja. Honey, You're Too Much é sensual e grotesco, ao acabarmos de o sorver não conseguimos deixar de sentir a culpa do pecado, os suores quentes da audição de um som promiscuo, uma tentação até então desconhecida. Animalesco. Áspero. Cortês. Tiger Man. "I got your call, baby, late at night, come over honey, I am all alone (...) you stand at the door looking mighty fine, with your hot pants and the bottle of Wine (...) I got your sweat running down my neck, it's time to get down baby, to higher stuff" (8.0)

Route 66 (Bobby Troup) - Cumprindo a tradição dos lonesome blues-man, Masquerade contém duas "covers" de clássicos rock/blues. Esta faixa leva-nos para 1946, para o estudio de Nat King Cole, onde Bobby Troup (actor americano/pianista jazz) compõe os últimos acordes do seu hit "(Get Your Kicks On) Route 66". O som e letra desta canção fazem-nos percorrer a famosa auto-estrada americana, por St.Louis, Oklahoma City, New Mexico, Winonna, Arizona, San Bernardino. A versão Tiger Man é bastante diferente da interpretação "folk" que se toca nas festas do Oeste Americano ou da interpretação soul jazz (a original) que se ouve nos clubes especializados. Tiger Man transformou o clássico da música popular americana num som muito pessoal, muito fechado, algo esmorecido, cheio do seu blues
(dor, mágoa). O resultado é brilhante, estamos perante um som genuíno, nú, riscado, que fere o orgulho americano (a voz de Tiger Man transmite-nos a decepção e o lamento da queda de Route 66 e do rock e blues tradicional americano). Um verdadeiro tributo ao desaparecido espírito americano. Uma canção para acompanhar a leitura dos livros da geração "beat" americana (Jack Kerouac, Allen Ginsberg, Willam S. Burroughs) e para servir de banda sonora ao renascimento da reckless youth. (8.5)

Walkin' Downtown - Chica boom chica boom chica boom. É este o ritmo simplista que o ouvinte/leitor vai ouvir nos próximos 4 minutos. Isso, aproveite para se familiarizar com ele, sinta a sua sequência regular de vibrações graves e arranjos eléctricos. Acompanhe agora com pé a batida firme e confiante, isso, sem medo, siga os acordes estridentes da guitarra de Tiger Man na sua guitarra imaginária, sim, essa mesma que cria curvando os braços e arranhando a barriga. Walkin' Downtown é a obra-prima do minimalismo de Paulo Furtado, conseguido através de um som honesto e desfloreado. O sabor final é a de um hino ao desprendimento e à apatia de um dia cinzento citadino. Uma aprazível viagem sonora interrompida esporadicamente por solos de guitarra excêntricos (destaque para 1:54 a 2:20 que o deixará gravemente desidratado) e por "lyrics" picantes e satíricas. Uma das faixas mais viciantes deste Masquerade (está no top 10 do meu mp3 player há mais de 3 meses), um perfeito exemplo do génio de Paulo Furtado. Magistral. "I'm walking downtown, with your perfume in my flesh. I'm walking downtown, with your hair in my mouth. I'm walking downtown and I know you're uptown"
(9.5)

Masquerade - O fumo cinza do tabaco de Tiger Man sobe agora pela tela de fundo preta, criando figuras abstractas que relembram o tango da noite passada, aquela "Masquerade" no clube sombrio e oculto que temos de guardar segredo, o prazer demoníaco escondido por detrás de uma mascara que só nos atrevemos a contemplar à noite... "and all that jazz..." Todo o imaginário de Masquerade contido numa faixa de 2 minutos, o tilintar dos cubos de gelo nos copos de wiskey, a percussão sensual dos saltos-altos das meninas do clube, o som do deslizar das fichas de jogo pela mesa de poker e a melodia do contra-baixo perdida por entre os sussurros dos "gentleman's". Paulo Furtado consegue com esta faixa um jazz excitante, não, lascivo. Um concerto de guitarra hipnotizante (conseguido com os acordes ondulantes que sobem e descem a escala da guitarra com sensualidade e morosidade) e de pratos-choque que serpenteiam o aparelho auditivo do ouvinte. É fácil ficar apaixonado por este jazz ardente e fulgurante (não nos importávamos de ouvir um álbum inteiro dele). De destacar os minutos 1:11 a 1:27 em que Tiger Man dilacera graciosamente o monótono jazz tradicional. Brilhante. "It's just an endless dance in this Masquerade" (9.0)

a continuar...

terça-feira, 17 de julho de 2007

Squarepusher - Venus No. 17



O meu primeiro transplante, é capaz de explicar filas muito grandes de espera. Primeiro porque é raro. Segundo porque as pessoas não percebem que estão nessa fila.
Apresento Tom Jenkinson. Quem nunca ouviu falar, devia ter nascido com menos um dedo. É um bom homem que faz bons álbuns. E num mundo mau, isso torna-se muito bom. Este single explica demência. Depois de doze álbuns, este sem inovar, sem novo material, e sem novas ideias, é boa musica.
É uma fila porque sem admitir, as pessoas querem mais do mesmo desde que o ouvem, e descobrir este raro mais do mesmo, é satisfatório. Agora perguntam: onde encontro isto.

Género: Electrónica, Drill'n'bass, Drum'n'bass, IDM.

Tracklisting:
1.Venus No.17 'destaque'
2.Venus No.17 (Acid Mix)
3.Tundra 4

Nota final: 7,1

Wraygunn - Shangri-La

Ain't It Nice? - Wraygunn estão de volta para uma terceira viagem pelo imaginário do rock-n-roll americano, desta vez largaram o gospel para se centrarem no soul e na electrónica. Qualquer pessoa atenta ao anterior album da banda, o Ecclesiastes 1.11, não pôde deixar de reparar que a musica que introduz o album, a faixa Soul City, era essencial para nos introduzir ao paraíso punk-gospel que se iría seguir. Que dizer da faixa introdutória do novo Shangri-la? Explosão de soul electrónico, uma festa muito teen de gritos raivosos e de ironias deliciosas. Uma música muito bem sacada e que dá um impulso fundamental ao que está para vir. "Living by your rules makes me feel a tool (....) being wrong when everything is so right, oh ain't it nice?" (7.5)

Love is My New Drug - Raquel Ralha lidera este hino electrónico bem ao estilo soul/pop dos anos 80, acompanhando de forma alucinante os riffs minimalistas do Paulo Furtado. É a primeira música que nos faz sentir estar num mundo bem diferente do album anterior da banda. Desta vez, a percussão estonteante de João Doce foi reduzia ao mínimo e o sampler/turntable de Francisco Correia lideram o som. Os Wraygunn arriscaram num som bem diferente, num novo mundo sonoro (dentro do rock-n-roll americano) e conseguiram. Love is My New Drug é wild, faz-nos apetecer ir dançar para a rua com umas calças justas, uma camisa mal arranjada e o cabelo com brilhantina. (7.0)

She's a Go-Go Dancer - Primeira música de Wraygunn que não foi escrita pelo Senhor Paulo Furtado (pânico na audiência). Na verdade, este "dance hit" é da autoria de Francisco Correia, o João Doce do novo album. O conceito é muito simples, duas batidas que são acompanhadas (e não o contrário) por uma guitarrada abafada que se limita a encher o som. Na verdade, esta faixa de punk ou soul não tem nada, soa a um velho swing poeirento. Fica no ouvido, é verdade, mas nem por isso merece uma segunda audição, uma musica pobre (souless). Resulta melhor ao vivo. Moral da história, o Paulo Furtado escreveu sempre as músicas de Wraygunn por alguma razão. (4.0)

Love Letters From a Muthafucka - Estamos perante a "Juice" do novo album, é agressiva, rude, ultra-sónica e asneirenta. Todos os ingredientes para o primeiro grande hit da nova era dos Wraygunn. O arranjo de guitarra de Paulo Furtado está tão bom que o ouvinte sente a cabeça estalar de adrenalina. As vozes de Selma Uamusse e Raquel Ralha atingem os limites das suas cordas vocais ao tentarem acompanhar os riffs desenfreados de Paulo Furtado. O produto final fez-me lembrar Atari Teenage Riot, mas com bastante mais alma e com um sabor final bastante próprio que só os Wraygunn conseguem produzir. Sem dúvida um futuro clássico de Wraygunn. " I'm sick and tired of your twisted mail" (8.5)

Everything's Gonna Be Ok - O segundo single retirado do Shangri-La de Wraygunn é a melhor amostra do soul electrónico de que a banda de coimbra se enamorou. É carnavalesca esta faixa do album. Dá voltas e voltas alucinantes num carrossel decorado com uma guitarra preguiçosa com um toque muito country e com a voz viciante de Raquel Ralha que hipnotiza-nos com o refrão bem conseguido. Uma excelente música que certamente estará no "repeat" de muitos mp3 players, tal é o vício. "Yeah life is wrong, baby, and so are we" (7.5).

Hoola-hoop Woman - Segunda música que não foi escrita por Paulo Furtado (silêncio na audiência) e primeira balada ("There But For The Grace of God" não conta) de Wraygunn. É verdade, os rockers de coimbra decidiram cumprir a tradição e dar a caneta a Raquel Ralha para escrever a "música calminha" dos Wraygunn para passar em casamentos, baptizados e piscinas municipais. O resultado não é mau de todo. Holla-hoop Woman consegue criar um ambiente muito próprio que nos leva para os "back-yards" da America dos anos 60 e nos faz sentir leves e nostálgicos. Ganhava em ser mais curta e menos repetitiva. Não obstante, Raquel Ralha está de parabéns. "Take a look at her swinging, she can do it right" (6.5).

Rusty Ways - O verdadeiro Shangri-La (paraíso espiritual) dos Wraygunn. Chegámos ao momento alto do álbum. Nunca um álbum de soul foi premiado com um encore tão perfeito. A ideia foi simples. Porque não abandonar os instrumentos e deixar as vozes da Raquel e da Selma fazerem a música ? , sim, ouviu bem (wwoooww geral). Durante 2m e 30 segundos o ouvinte terá o prazer de se perder num ciclone de sons vocais que percorrem toda a escala sonora de alto a baixo. Alucinante. Magristral. Obrigado Wraygunn. (8.5)

Just a Gambling Man - Segunda balada de Wraygunn, mas esperem, não, desta vez é o nosso Paulo Furtado o autor e produtor e o resultado só podia ser um: Legendary Tiger Man. É verdade, o alter-ego de Paulo Furtado invade o Shangri-La de Wraygunn para nos dar uma lição de como fazer uma longa metragem simples mas com milhares de tons de preto e de branco. Esta música leva-nos para o back alley de um bar de Chicago nos anos 30, sentimos o cheiro a tabaco, o sabor a whiskey e o barulho dos jogos de cartas e das fichas de jogo. Tiger Man consegue mais uma vez deixar-nos sem palavras. É impossível ouvir esta faixa sem correr para o Digi-Pack do Masquerade (de Legendary Tiger Man) para o ouvir todinho logo que a musica acabe. "Just another man under a woman's spell" (9.0)

Lady Luck -
Voltemos ao rock-n-roll. Liguem as luzes de palco, apontem para Paulo Furtado e dancemos todos ao ritmo dos seus riffs clássicos. Não há absolutamente nada mais clássico rock que esta faixa do albúm. Directo e Eficaz. Um verdadeiro "filler", é pena. (6.5)

Work me Out - Soul, Soul e mais Soul. Work me Out é uma odisseia de boa disposição conseguida com a ajuda de uma melodia agradável e com uma letra convidativa. Selma revela nos últimos minutos o verdadeiro potencial da sua voz, bem ao estilo soprano. Work me Out é uma música para mostrar aos amigos, uma música para levar na mochila de verão. Uma injecção de "Wraygunn feeling". "Since I met your honey, I learned a brand new dance" (7.0).

Silver Bullets - Wow, os Wraygunn fizeram um Bond movie theme. Ao ouvir Silver Bullets não podemos deixar de imaginar o genérico de mais um filme do agente secreto britâncio. É um glam-rock divinal que nos faz compreender porque é que gostamos tanto de Wraygunn. Uma das melhores músicas de Wraygunn e ponto final. Para irritar quem se recusa a abraçar este Shangri-La. "I know the way you use mind games" (8.0).

Boom-Boom Ah Ah - Cá estamos nós, na recta final desta viagem espiritual, o leitor adivinhou, também chegámos ao seu ponto máximo, o seu clímax. Esta faixa reúne todas as influências de Wraygunn num única canção de 4 minutos. Acid-jazz, country, soul, folk, ambience, electrónica e gospel. É a obra-prima dos Wraygunn, a razão de tão longa espera. O mais fascinante desta música é que ela não chega a arrancar, ameaça, ameaça mas nunca faz o que esperamos, surpreende-nos com mais uma sensação inesperada. Uma galeria do rock americano clássico. "If you don't move, baby, then your dead" (9.0).

No More, My Lord - Chegámos ao final de Shangri-La. É altura de tirar os sapatos de dança, a camisa suada e lavar o cabelo para lhe retirar a brilhantina. Chegou o momento de nos sentarmos de pés entre-cruzados num tapete velho e ..... e.... rezar. É verdade, o novo álbum de Wraygunn despede-se recordando as origens, o velho gospel. No More, My Lord é uma canção religiosa cantada por Selma Uamusse (com coro gospel) e acompanhada por um piano e guitarra de orquestra gospel. A produção foi de tal forma bem conseguida que não nos podemos deixar de sentir numa igreja no sul dos Estados Unidos a ouvir a missa de Domingo. Final perfeito para mais um excelente álbum de Wraygunn. (7.5).

Nota Final : (7.4)